10/30/2011

“Se você acredita que educação não é um bom investimento, tente investir em ignorância!”

“Educação constitui em um dos bens mais valiosos que um individuo pode adquirir. É algo que ninguém pode tirar de você!”
Você certamente já ouviu esta frase, mas saiba que nem todo mundo concorda e pensa exatamente assim, tão pouco atribua tamanha importância a ela.
O que é a educação senão a base para a construção de uma sociedade, um processo de aprendizagem que começa desde cedo. Quando criança, amparado por uma constituição familiar é iniciado o aprendizado das coisas comuns e que desde cedo o prepara para os desafios de uma vida adulta, nessa fase que compreendemos a primeira infância alguns valores são incutidos através dos ensinamentos familiares, esse aprendizado se estende aos anos escolares que começa a sofrer fortes influências externas das demais crianças em convívio, tais valores adquiridos, fatalmente são confrontados surgindo assim novos valores acrescidos ou então transformados pelo ambiente no qual participe, mais adiante a fase que antecede a vida adulta com responsabilidades e desafios antes enfrentados, mas já previstos, por fim a fase onde os valores já estão enraizados e o convívio em coletivo diz muito a respeito da formação de um grupo e de uma classe social.
Educação se traduz em conhecimento e esse conhecimento colocado em pratica é a atitude chave considerada para o desenvolvimento humano e social e está associada a comportamentos dos mais variados tais como: respeito ao próximo, ao mais velho, atenção para questões de caráter humano, disciplina para novas conquistas, compreensão para com os demais a sua volta, enfim, a sentimentos construtivos e respeitosos o que há de mais valioso para a formação da personalidade e uma sociedade justa e igualitária, no revés da educação esta a ignorância que é exatamente o contrário “FALTA OU NÃO USO DA EDUCAÇÃO”.
Bastaria por si só esta explanação se não fosse o fato de que existem muitas pessoas “EDUCADAS” agindo com extrema ignorância. Como pode uma mesma pessoa tida como educada agir com falta de educação?
A resposta talvez esteja no fato de que as pessoas estão se habituando a aceitarem viver em um mundo onde termos como fidelidade, por exemplo, é cada vez mais visto com caretice, os meios de comunicação estão repletos de casos e mais casos que demonstram esta falta de fidelidade, sejam no poder publico, no setor corporativo ou até mesmo em ambientes familiares, aliás, este é o reflexo de um comportamento social politicamente aceitável onde até são expostos argumentos que sustentam ser este comportamento o correto, existem pessoas que até defendem comportamentos reprováveis com declarações do tipo: "esta certo, o mundo não tem mais jeito, se eu estivesse lá faria o mesmo", esse comportamento advém de pessoas que aceitam a apatia com normalidade, mas é claro que não existem só maus exemplos há também os que são dignos de apreciação.
No mundo contemporâneo é comum associar educação a uma boa formação acadêmica, mas a pergunta é. Boas escolas são suficientes para caracterizarem este ou aquele como educado? Diz-se fulano estudou naquela tal escola e depois entrou para tal universidade, ambos fazendo referência a instituições de ponta e hoje exerce o cargo de gerente X ou diretor Y em determinada empresa multinacional, ótimo uma boa formação o coloca entre os mais disputados profissionais do mercado e certamente isto possibilitará viver em melhores condições e até com certas regalias, é de fato louvável que se busque uma posição confortável socialmente, mas isso não pode ser atribuído somente a educação, pois, educação vai além de uma boa formação este associado ao individual e não a sua posição sócio/profissional.
Já a ignorância se refere à falta de educação e significa não necessariamente que o individuo não seja educado ele simplesmente não faz uso da educação que possui, há pessoas, por exemplo, que destratam outras por causa da sua condição sócio econômica ou a cor da pele, sua nacionalidade ou naturalidade, aparência física ou até mesmo a região onde mora, tal comportamento não só advém de pessoas “sem formação”, ele também parte dos “bem formados”, portanto, não tem nada a ver com boa formação e nem falta de educação é ignorância mesmo, há situações onde uma formação que não tenha sido em escolas consideradas como as melhores se torna motivo para que este ou aquele seja considerado inferior numa escala de valores social/profissional e não olhar para o lado profissional e sim para o pessoal nesse caso não é ignorância?
Comportamentos como estes podem ser observados em diversos ambientes sociais, destaco que dentro de algumas empresas é comum questionamentos de certos valores corporativos a “Visão, Missão e Valores” apresentados aos colaboradores como sendo o referencial a ser seguido, na prática são percebidos como meras palavras expostas em quadros que nem sequer são praticados pelos líderes e/ou chefes desta, uma vez que discursos de que nosso maior patrimônio são os colaboradores ao mesmo tempo se contrasta com tratamentos desrespeitosos para com os mesmos e daí fica por isso mesmo. Não é estranho vender uma imagem positiva e praticar ou permitir que se pratiquem tais comportamentos opostos.
Esse exemplo nos da a prova de uma falta de educação neste caso corporativa, provam que na verdade existe uma diferença gritante entre associar sua importância à maneira como nos comportamos em nosso dia a dia e, pior ainda é que reconhecemos isso, mas somos obrigados a nos habituar a comportamentos alheios que bradam a importância da educação, respeito, civilidade e outros mais, não praticam tais comportamentos citados e as conseqüências quase sempre são negativas para o conjunto social.
A educação a serviço a ignorância.
A questão da educação como é vista se estende as mais variadas áreas sociais não só ao aprendizado escolar que é a base para o conhecimento ela também permeia setores onde a falta de é motivo de descontentamentos, fala-se em educação profissional, educação social, educação financeira, educação ambiental, enfim o tema é importante e sua falta resulta em muitos desentendimentos e oportunidades de aplicarem em nome da educação intentos dos mais ignorantes possíveis, como é estranho que a serviço da educação atitudes de extrema ignorância possam levar vantagem.
Esse comportamento acontece porque alguns valores estão se transformando uma vez que educação passou a ser sinônimo de formação e status os menos favorecidos por essa inversão e aqui cabem os que por falta de oportunidades ou então que reagiram tardiamente à situação adversa reagem de forma onde os interesses em jogo se conflitam, acontecimentos na vida política fizeram com que os eleitores na última eleição votassem em candidatos tidos como cacarecos graças ao descrédito nos políticos atuais, contratações nas empresas se traduzem em altos índices de turn-over e absenteísmo e isso vem acontecendo graças a pessoas muito bem “educadas” que tentam inculcar na cabeça das pessoas a importância de acreditarem e se doarem as instituições com promessas que não condizem com a realidade e logo percebidas são manifestadas às vezes de forma negativa e prejudicial, essa educação não é na verdade ignorância.
Outro bom exemplo, ultimamente o tema sustentabilidade vem sendo bastante difundido nos diversos canais de informação, a chamada consciência ambiental há que se mudar a maneira como produzimos, consumimos e descartamos para não exaurirmos os recursos naturais, diante dessa necessidade ambiental empresas logo tomaram parte desta questão e elaboraram o chamado marketing verde que diz respeito à consciência ambiental, porém dentro de algumas delas o desperdício é imenso, vivenciei por algum tempo em uma grande rede varejista e observava a quantidade de alimentos e brinquedos que eram jogados no lixo, lá brinquedos são quebrados a marteladas simplesmente por que a embalagem foi violada, cartelas de yogurtes são jogadas no lixo simplesmente por que uma unidade foi violada e vários são os itens desperdiçados por eles e sem reaproveitamento. Ora consciência ambiental? Eles recebem de volta aquilo que jogaram no lixo e de graça das empresas fornecedoras, mas a imagem que vendem é a de que são conscientes ambientalmente trabalham desta forma e usam o marketing para sustentarem na verdade sua imagem institucional, mas não sozinhas levam a culpa há que se considerar a atitude dos que provocam tais “avarias”.
Porém, é a inteligência a serviço da ignorância, departamentos de marketing explorando a fragilidade ambiental para lançarem intentos que potencializam a captação de clientes, o reforço da imagem institucional e o crescimento das vendas, é aí que entra o grande questionamento. È possível mudar esse comportamento visto que são mais importantes os ganhos imediatos do que a consciência no coletivo?
Mário Sérgio Cortella destaca na obra “Qual é a tua Obra? Inquietações propositivas sobre gestão, liderança e ética” aborda a questão da educação continuada e destaca: “Educação continuada pressupõe a capacidade de dar vitalidade à ação, às competências, às habilidades ao perfil das pessoas”, abordando numa característica profissional “Se a liderança não estiver voltada para dar uma prioridade a essa temática da formação continuada, o máximo que ela terá é sucesso extemporâneo”, e será que somente na esfera profissional é que podemos considerar adaptáveis tais conceitos?
Considero que não, como disse mais acima Educação é um processo de aprendizagem constante que começa desde cedo, então, a todo o momento devemos estar atentos tanto a novos aprendizados como a manutenção do conhecimento já adquirido.
Educação não deve ser associada meramente a formações acadêmicas devem ser encarada como o fator principal para o crescimento individual e coletivo, nações que estão hoje na categoria de países desenvolvidos tiveram que investir pesadamente em educação, não só da base, mas em toda área que permeiam o individual e o social, aliás, uma boa base potencializa o entendimento sobre questões das mais variadas, ser educado é entender primeiramente que não se sabe tanto assim e sempre há o que aprender, que seu “pouco” conhecimento não é soberano ele pode ser adicionado ao conhecimento coletivo e também acrescido com o conhecimento alheio, que pode ser associado aos demais conhecimentos, é entender que sua pequena participação na sociedade contribui para uma melhor condição de vida para todos.
Ainda que tenha atingido uma posição social confortável não poderá esquecer jamais que um dia sentou nos bancos escolares e assim como seus colegas de sala nada sabia a respeito de nada, alguém lhe ensinou o básico e hoje seus intentos não são positivos e pretende meramente tirar vantagem da falta de conhecimento alheio. A construção de uma sociedade não é senão os profissionalmente ativos “sustentarem” os já aposentados e os que estão na base social.
Existe uma diferença entre educação e formação, a primeira faz parte de você é insubstituível, a segunda esta em você e pode ser dividida, adicionada, multiplicada. O mercado de trabalho busca profissionais que possam multiplicar o conhecimento depende de como usará se é para levar conhecimento aos demais.

Fonte Inspiradora: “Qual é a tua obra? Inquietações propositivas sobre gestão, liderança e ética” Mario Sérgio Cortella; Editora Vozes; 141 pag.

Um comentário:

  1. Olá, Francisco! Obrigado por visitar o blog inbound logística! Desculpe a demora para responder sua mensagem. Gostei muito do seu blog. Já estou te seguindo. Também sou formado em logística pela Universidade Nove de Julho, turma de 2009. Abç

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