4/21/2011

Logística é para Logísticos!

Nos últimos anos as transformações nas relações de mercado têm levado muitas organizações a adotarem estratégias das mais variadas e em todos os setores que compreendem seus limites de atuação, este comportamento que antes estava limitado a uma administração interna, vem sofrendo nos últimos anos cada vez mais intervenções de um mercado com regras globais, questões como investimentos em tecnologia e marketing com uma abordagem que faça o cliente enxergar qualidade em seus produtos e serviços tem levado essas organizações a considerarem uma reestruturação por completo em diversos departamentos, pois a concorrência entre elas fez com que seus produtos e serviços se tornassem semelhantes e a única maneira de se diferenciarem esta na prestação dos serviços ao cliente.
Quase todas as organizações, em caráter competitivo dispõem dos mesmos mecanismos de oferta de seus produtos e para se diferenciarem e continuarem fortemente atuantes se faz necessário oferecer diferenciais quanto à prestação dos serviços, levando em consideração a qualidade como item obrigatório a todas elas, porém alguns elementos tem elevado o grau de exigência, essas exigências foram impostas naturalmente pela concorrência em escala global onde uma fábrica de produtos de utilidade doméstica na zona franca de Manaus concorre diretamente com organizações em outros pontos do hemisfério disputando mercado em São Paulo por exemplo.
A velha máxima na administração “Aumentar o faturamento e reduzir os custos” continua fortemente presente na gestão de qualquer organização, só que agora com adicionais a serem contabilizados. O cliente dotado de informações referentes a produtos e serviços, recorrendo a canais de informações como redes sociais, por exemplo, passam a ser mais exigentes quanto ao interesse pela próxima aquisição, portanto é certo que bem antes da aquisição do bem o cliente já tenha “decidido” previamente onde adquirir, a que preço, a agilidade na entrega e a qualidade do serviço de pós venda.
Tal comportamento e suas características presentes no cotidiano ainda são ignorados por algumas organizações que alheias as mudanças se comportam como há décadas atrás, enquanto a sua volta organizações atentas as mudanças constroem solidez de capital e conquistam fatias de mercado e as “esmagam” tirando-a do mercado ou mesmo incorporando-as a seu grupo. Essa dinâmica foi percebida por muitas que tão logo tomaram atitudes e se reestruturaram quanto a sua posição no mercado, alguns se lembram de organizações nos moldes da gestão antiga que após a reestruturação continuam atuantes e com boa participação, porém lembram-se também de outras que por persistirem “sumiram instantaneamente”.
Se oferecer os serviços e produtos com qualidade e satisfação plena do cliente é o interesse de qualquer organização, todo o processo interno deve ser revisto ou melhorado, assim como os externos também e investimentos nestas áreas são necessários os de ordem tecnológica e industrial. Bons processos de industrialização e comercialização além de investimentos é acompanhado de profissionais com visão clara e bem definida, tais departamentos devem ser de responsabilidades de gestores com conhecimento a respeito da área de atuação. Ainda que organizações tenham enxergado a importância de reorganizar-se internamente, mais uma vez em algumas ficam evidentes que somente alguns aspectos foram levados em consideração na hora dessa reestruturação.
Voltemos ao ponto da máxima na administração “Aumentar o faturamento e reduzir os custos”. Quando se trata de investimento os gastos em tecnologia e treinamento de pessoal é assunto delicado e para organizações que se interessam somente em solucionar problemas momentâneos tal decisão pode comprometer o futuro desta, pois se baseiam tão somente em campanhas de marketing e outras das quais julgam suficientes.
Como descrito no texto a diferenciação competitiva esta no serviço prestado ao cliente certo, à administração cabe captar os recursos e alocá-los ou realocá-los para manutenção e continuidade das atividades ok. As organizações para que possam dar o seu melhor focam em suas atividades principais ou CORE PERTENCE e transferem atividades que não fazem parte de suas competências básicas para especialistas no ramo, se serviço é o diferencial, o que dizer da logística que envolve toda parte de tecnologia, processamento de pedidos, gestão de estoque e entrega tanto de produtos acabados como materiais para fabrico.
Eis que surge o problema principal, contratar profissionais preparados ou então treiná-los e motivá-los custa caro na visão dessas e então tratam de “promover” talentos internos simplesmente pelo fato de estarem a muito tempo na organização e reúnem atributos considerados politicamente corretos, ou seja, adotaram a cultura organizacional.
Não há nada de errado em promover agentes internos, mas há perguntas a serem feitas; Estes estão atualizados? Seus conhecimentos são correlativos com a atualidade? Tem competência para atuarem e responderem as exigências dos clientes? Ou simplesmente esses compartilham a visão limitada desta e não entendem a complexidade competitiva?
Qualquer empresa que zele pelos seus clientes e busca atender de maneira a satisfazê-los estão atentas a essas questões, sabem que os colaboradores de chão de fábrica são importantes por trabalharem com mais zelo e atenção, os atendentes que lidam diretamente com os clientes no balcão idem, pois atendem bem e com vontade, os que recepcionam também consideram importantes todos os clientes, pois basta como já foi explanado no texto “A importância dos agentes colaboradores no atendimento as necessidades  dos clientes” que não trate de forma que o cliente considere respeitosa para que informações negativas sejam multiplicadas em vários ambientes virtuais e pessoais, a continuidade deste comportamento de descaso se traduz em mais uma organização fadada ao desaparecimento instantâneo.
Por fim o tema título deste texto, com as operações logísticas sendo responsáveis pelo sucesso ou insucesso de muitas organizações sendo considerada como “O pulmão” que dá forças para continuarem atuantes e competitivas muitas se viram obrigadas a estruturarem ou criarem seus departamentos logísticos, daí novamente acontece, tanto os investimentos necessários para que respostas eficientes sejam dadas aos clientes, tecnologia e treinamento de pessoal, como os reajustes momentâneos e promoções internas de colaboradores desatualizados e sem conhecimento das necessidades do mercado.
Enquanto empresas moldam seus próprios logísticos a sua maneira, outras mais centradas se preocupam com a complexidade de um ambiente que exige dos profissionais conhecimento e entendimento das questões de mercado e tecnologias aplicadas a gestão das atividades logísticas, além de valorizar o constante desenvolvimento profissional.
O investimento no capital intelectual tem como conseqüência o alinhamento da empresa e suas atividades operacionais com o mercado e as inovações e exigências, enquanto o modelamento de um logístico baseado apenas no tempo de casa pode comprometer o atendimento das necessidades dos clientes, razão pelo qual já discorri é um dos principais motivos de distanciamento dos mesmos. 
Portanto para entender o ambiente logístico e suas peculiaridades e aplicar as melhores técnicas e soluções lógicas, o desafio deve ser do profissional logístico pois este esta embasado e conhece melhor o ambiente no qual atua.
De vez em quando surgem determinadas profissões que se caracterizam como a do momento, esse modismo atrai diversas pessoas considerando altos ganhos e ascensão profissional meteórica, a realidade quase sempre é bem diferente, além de boa formação é necessário conhecimento adicional e isso envolve investimentos em cursos complementares além de constante leitura a respeito de assuntos pertinentes a área e sem o tão sonhado crescimento profissional meteórico torna-se desinteressante a atuação desses pretensos profissionais.
Logística é para Logísticos, o que vale dizer que certas atividades profissionais devem ser ocupadas por quem tem base de conhecimento na área o contrário já é bem conhecido por muitos. Não é?
Texto de autoria:
Francisco Marcio Ferreira de Oliveira
Formado em Logística pela Universidade Nove de Julho    

4/11/2011

Transportes e Modais



Transporte constitui no deslocamento entre dois pontos extremos por meio de veículos automotores ou propulsores, de modo que diferentes tipos são empregados para tal finalidade e são utilizados tanto para transporte de pessoas como também de cargas, os diferentes modais “tipos” empregados nas operações de deslocamento são muito importantes para atender eficientemente as necessidades comerciais isso por que cada necessidade requer certa atenção dado as características de cada produto a ser transportado, não só nas operações que exclusivamente tratem da distribuição de produtos acabados, ela também atende a necessidades de clientes que necessitem de matérias primas para fabrico.
A logística é responsável pelo planejamento eficiente dessas operações que envolvem desde a distribuição física de materiais até a entrega de produtos acabados, em todos os estágios da cadeia a preocupação do profissional de logística não só versa na exigência imediata, mas também nas etapas antecessoras que dão continuidade ao perfeito atendimento as necessidades impostas pelos clientes. Sendo assim esse profissional busca enxergar toda operação de forma sistêmica entendendo a importância que outros estágios representam na cadeia produtiva.
A saber, a logística se divide em três principais áreas, logística de suprimentos ”Inbound Logistics” que trata do abastecimento de matérias primas para fabricação de bens, logística de planta “Manufatura ou Logística de Fábrica” transformação de matéria prima na indústria e logística de distribuiçãoOutbound Logistics” distribuição de produtos acabados ao cliente final, ainda que a logística de distribuição trate do perfeito planejamento de entrega de produtos ao consumidor final outros estágios também se beneficiam com esta denominação se entendermos as empresas como clientes requisitantes de insumos para a produção desses bens.
É importante ressaltar que em algumas indústrias a aquisição de matéria prima, a produção e até mesmo a entrega dos produtos acabados não necessariamente estão restritas ao país de origem, sendo muitas vezes ou produzidos em outras nacionalidades ou então a compra dos insumos para a realização de tal processo, há ainda outras que preferem deixar a cargo dos operadores logísticos a entrega e até mesmo a administração dos estoques e coordenação das vendas, desta forma contam com operações que envolvem o comércio internacional que são mais complexas e exigem além de conhecimento específico um planejamento prévio eficiente.
E ao transporte cabe a responsabilidade de levar até o requisitante a encomenda respeitando o que foi acertado anteriormente, sejam eles empresas ou consumidor final, para cada uma dessas operações determinado tipo de modalidade é utilizada, cabe ao profissional fundamentado nas exigências e disponibilidades decidir por qual delas utilizar.
Diversos são os modais que atendem a essas necessidades, mas a sua escolha dependerá do tipo de mercadoria a ser transportada, pois certos modais não se adaptam as características de determinados produtos ou materiais além da preocupação em reduzir os custos recorrentes de tal exercício, por isso o conhecimento dos modais é importante para que se estruture uma operação de maneira mais assertiva.
Quanto às modalidades existentes, basicamente são cinco principais, os tipos estão divididos entre os Modais Terrestres, Ferroviários, Aquaviários, Aéreos e Dutoviários.
Modal Terrestre: Esta modalidade refere-se ao transporte por via térrea, avenidas estradas e rodovias é o mais utilizado nas operações por apresentar benefícios não encontrados em outros modais, porém esses benefícios também podem ser oferecidos em outras modalidades caso haja certas peculiaridades em voga, mas isso vai depender da necessidade e de cada cliente.
Basicamente esta modalidade esta dividida em dois tipos: rodoviário e ferroviário:
Rodoviário: Via estradas de rodagem feitos por meio de carretas e caminhões que atendem pequenas e grandes distancias, esta modalidade é a mais empregada sendo a grande vantagem a flexibilidade por atender a vários lugares sejam eles centros urbanos ou entre estados.
Em São Paulo capital a zona de restrição máxima só permite que caminhões de pequeno e médio porte circulem pelas ruas centrais em horários específicos, esses veículos são conhecidos como VUC’s “Veículos Urbanos de Cargas”, a grande vantagem deste e dos demais modais é a flexibilidade, pois é possível chegar a todos os cantos, seu custo é considerável, porém varias técnicas são aplicadas para melhor aproveitamento de sua utilização, existentes em vários tipos sendo eles:
VUC’s- Veículos Urbanos de Cargas: Veículo leve muito utilizado para transporte de curta distancia e em locais de grande circulação, a grande vantagem deste modal é a agilidade em transitar por centros urbanos com isso facilita que diversas entregas sejam feitas num mesmo dia, a capacidade deste modal é de aproximadamente 1.500 kg.
VLC – Veículo Leve de Carga: Mesmas características dos VUC’s, mas com uma capacidade de carga superior de aproximadamente 4.500 kg.
Veículo Médio de Carga: Modalidade com capacidade superior na capacidade de cargas, aproximadamente 7.500 kg.
Romeu e Julieta: Formado por dois elementos, um caminhão plataforma de três eixos e um reboque de dois eixos, capacidade de aproximadamente 45.000 kg.
Bi trem: Possuem sete eixos, três do “cavalo” que leva dois semi-reboque de dois eixos atrelados entre si, sua capacidade é de aproximadamente 57.000 kg.
Rodo trem ou Tri-Trem: Tem nove eixos, três do “cavalo” com tração 6x4. Este “cavalo” puxa dois semi-reboque de dois eixos cada, capacidade de aproximadamente 74.000 kg.
Road Train: Tem acima de doze eixos, três no cavalo, sua capacidade de semi-reboque é acima de três, a capacidade é cerca de 120.000 kg ou 200.000 kg, mais utilizado em operação nos EUA, Canadá e Austrália.
Há operações em que os modais têm a necessidade de transportar cargas que exijam certos cuidados, acondicionadas em temperaturas especificadas, sendo muito importante conhecer os tipos existentes de baús aplicados no transporte de mercadorias com especificações.
Veículo Carga Seca: São conhecidos desta forma por não manterem carroçarias especial sendo a mercadoria de característicasBasculantes, Graneleiros, Cegonhas, Porta Contêiner, Sider ou Baú Lonado, Silos, Florestais, Canavieiros, Carrega tudo ou pranchas, Transporte de Animais.
Apesar de terem essas características não significa que não haja proteção para o transporte, mas para isso determinadas proteções são aplicadas as características de cada carga.
Veículo Isotérmico: É aquele cujo compartimento de carga não possui unidade de refrigeração, tendo como paliativo apenas o seu isolamento térmico, semelhante ao baú frigorifico, mas sem a refrigeração interna, é muito utilizado no transporte de cargas que exijam manter a temperatura ambiente por um curto período de tempo, é o caso de transporte de carnes salgadas conhecidas como seca, iogurtes, leites, queijos e requeijões e margarinas, por exemplo, esses produtos devem estar devidamente embalados para se ter estas características. São cargas que não necessitam de cuidados rigorosos e ao mesmo tempo não serem expostas a temperaturas altas, mas o cliente pode exigir que estas cargas sejam transportadas em veículos mais apropriados se assim considerar necessário.
Veículo Frigorífico: Utilizado em cargas onde ha necessidade de manter a temperatura ambiente sempre estável, são produtos de características perecíveis como carnes e aves, peixes, sorvetes e carnes embutidas, por exemplo, chocolates e biscoitos também utilizam desses modais dado os cuidados para sua preservação. 
Ferroviário: Transporte via estradas de ferro assentadas no solo, apresenta uma boa capacidade volumétrica bem superior à unidade rodoviária, sua utilização apesar de inferior participação apresenta algumas vantagens comparadas ao modal rodoviário, transporta grandes quantidades de cargas por longas distancias, porém não oferece flexibilidade, pois seu trajeto é previamente fixado além da pouca velocidade de locomoção.
Esse modal é muito utilizado para transporte de commodities agrícolas, neste tipo de produto esta modalidade é perfeitamente adaptável. O Brasil dado à infra-estrutura precária não utiliza o quanto deveria, pois o investimento em estradas de ferro praticamente foi abandonado em governos anteriores, especialistas defendem investimentos em infra-estrutura ferroviária considerando a importância deste modal para a continuidade de crescimento do país dada a sua importância diante do cenário econômico que o Brasil passa. 
Quanto as suas características se assemelham com o modal rodoviário, também se adaptam perfeitamente ao transporte de cargas diversas, cabe ao contratante dos serviços compararem a aplicabilidade deste modal. 
Modal Aquaviário: Modalidade cuja locomoção se dá por via mares e oceanos, rios e lagos, sendo muito utilizado em operações de comércio internacional entre países, já em rios e lagos mais utilizado em regiões específicas, esta modalidade é subdividida entre “Marítimo, Fluvial e Lacustre”
Marítimo: Grande embarcação via mares e oceanos, tem forte atuação no comércio internacional possui grande capacidade de transportar cargas, sendo seu custo elevado, porém dada as características deste modal justifica o seu custo é muito utilizado no transporte de longas distancias entre países.
Sua utilização pode ser aplicada de duas formas conhecidas como Longo Curso, navegação internacional em portos diferentes e Cabotagem, navegação nacional entre portos do mesmo país.
Para esse modal existem sete diferentes tipos de navios utilizados no transporte aquaviário de cargas, são eles:
Carga Geral: São embarcações que transportam vários tipos de cargas, geralmente em pequenos lotes – sacarias, caixas, veículos encaixotados ou sobre rodas, bobinas de papel de imprensa, vergalhões, barris, barricas, etc. Tem aberturas retangulares no convés principal e cobertas de carga chamadas escotilhas de carga, por onde a carga é embarcada para ser estivada nas cobertas e porões. A carga é içada ou arriada do cais para bordo ou vice-versa pelo equipamento do navio (paus de carga e ou guindastes) ou pelo existente no porto.
Porta Contêiner: São embarcações semelhantes aos de carga geral, mas normalmente não possuem além de um ou dois mastros simples sem paus de carga. As escotilhas de carga abrangem praticamente toda a área do convés e são providas de guias para encaixar os contêineres nos porões. Algumas dessas embarcações apresentam guindastes especiais.
Tanque: São embarcações para transporte de petróleo bruto e produtos refinados (álcool, gasolina, diesel, querosene, etc.). Caracterizam-se por sua superestrutura a ré e longo convés principal quase sempre tendo à meia nau uma ponte que vai desde a superestrutura até a proa. Essa ponte é uma precaução para a segurança do pessoal, pois os navios tanques carregados passam a ter uma pequena borda livre, fazendo com que no mar seu convés seja "lavado" com freqüência pelas ondas.
Gazeio: São embarcações destinadas ao transporte de gases liquefeitos. Caracterizam-se por apresentarem acima do convés principal tanques típicos de formato arredondado.
Roll on – Roll off: São embarcações em que a carga entra e sai dos porões e cobertas, na horizontal ou quase horizontal, geralmente sobre rodas (automóveis, ônibus, caminhões) ou sobre veículos (geralmente carretas, trailers, estrados volantes, etc.). Existem vários tipos de ROROS, como os porta- carros, portas-carreta, multi-propósitos, etc., todos se caracterizando pela grande altura do costado e pela rampa na parte de ré da embarcação.
Reefer: Semelhante ao convencional sendo os seus porões equipados com maquinários para refrigeração. Apropriado para cargas que exige controle de temperatura tal como carnes, frutas, verduras, laticínios etc.
Graneleiro: São embarcações destinadas ao transporte de grandes quantidades de carga a granel: milho, trigo, soja, minério de ferro, etc. Se caracterizam por longo convés principal onde o único destaque são os porões.
Rebocador: São embarcações utilizadas para puxar, empurrar e manobrar todos os tipos de embarcações. Geralmente utilizados para manobras de grandes navios na zona portuária e canais de acesso aos portos. Pode também socorrer navios em alto-mar, rebocando-os para zonas seguras; e puxar navios encalhados em bancos de areia. Apesar de pequenos, possuem grande potência de motor, mesmo não sendo classificado como navios de carga ele é muito utilizado no auxilio dos demais modais, portanto não poderia deixar de fora sua apresentação.
Fluvial: Navegação por rios, muito utilizado em regiões onde são presente grandes rios como no caso da região centro-oeste do Brasil, facilita em muito o transporte de mercadorias, as embarcações são de pequeno e médio porte e apesar do grande potencial não é muito utilizado em operações logísticas devido a pouca infra-estrutura existente em nosso território, exceto no comércio local onde sua aplicação é essencial.
Como atuam de forma precária não há classificação dos tipos existentes, o que se vê é sua utilização para transporte de cargas gerais sem discriminação nem acondicionamento apropriado, atuam mais de forma informal talvez por isso esse modal ainda não apresente evolução no tocante as operações logísticas.
Lacustre: Navegação de embarcações de pequeno, médio e grande porte, esta modalidade só é possível com a existência de um grande lago fronteiriço, sua utilização no Brasil é passível de discussão, pois se entendermos que atividades de transporte local com poucas unidades potencializam o comércio regional então considerará sua aplicabilidade em regiões onde exista esse lagos, já em alguns países onde as fronteiras são divididas por essa geografia essa modalidade é muito utilizada. 
Modal Aéreo: Esta modalidade refere-se ao transporte de mercadorias em aeronaves de pequeno e médio porte muito utilizada em operações que exijam além de tempo segurança ao transportar produtos considerados especiais, estão divididos em:
Aviões: Aeronaves de grande ou pequeno porte apresentam como vantagem o tempo de deslocamento entre pontos extremos, seu custo é mais alto e o espaço de carga é pequeno, porém quem define sua aplicação é o cliente visto que tempo justifica o pagamento do frete.
Há aeronaves tipicamente utilizadas para o transporte de cargas, de empresas que atuam neste segmento enquanto outras de características comerciais utilizam seus espaços “ociosos” no convés para transportar mercadorias.
Helicópteros: Aeronaves de pequeno e médio porte têm as mesmas características dos aviões, pouco espaço para cargas, custo elevado e rápido deslocamento entre extremos.
Modal Dutoviário: Também conhecida como transporte “Tubular”, essa modalidade de transporte por dutos “tubulações” potencializa o transporte de gás entre Brasil e Bolívia presente no gasoduto, também presente na rede de transmissão da SABESP “Sistema de Abastecimento do Estado de São Paulo” tubulações levam água potável das estações de tratamento até as torneiras das casas urbanas.
A logística atuante se preocupa com a utilização dos modais existentes levando em consideração as necessidades impostas pelo cliente e/ou as características do produto/mercadoria transportada.
Como o imperativo nas operações é o custo x beneficio, seja ela de tempo ou segurança do volume transportado, a aplicabilidade dos modais se dá levando em consideração elementos facilitadores á operação. Os usos dos modais podem ser tanto de características “intermodais” que entendemos a transferência de cargas para um mesmo tipo de tração, ou seja, a carga é transferida para outro modal, mas com as mesmas características da anterior de caminhão para caminhão, por exemplo, ou pode ser de uso “misto” combinando os diferentes tipos, por exemplo, de rodoviários para ferroviários e por fim navios de carga.
São inúmeras as vantagens de cada modal, também suas desvantagens são presentes e cada operação dada as características a serem analisadas adaptam melhor a determinado tipo existente, portanto a melhor utilização fica a cargo do gestor que avalia qual deles terá melhor aplicação e trará mais retorno e maior segurança a carga transportada.
Texto de autoria:
Francisco Marcio Ferreira de Oliveira
Formado pela Universidade Nove de Julho-2010

Liderança: quais as diferenças do líder de hoje e de antigamente? (parte 3)

Há uma diferença considerável entre os modelos de Liderança e Chefia, e apesar de várias discussões e trabalhos elaborados acerca deste tema, ainda sim muitos se confundem, ora classificam a liderança como chefia, ora a chefia como liderança. Esta entrevista  tem como objetivo esclarecer alguns pontos entre esses dois modelos sendo complemento dos textos já publicados nesses espaço. 


4/09/2011

Chefe e Líder. Qual a diferença?

Seja nos meios sociais, acadêmicos, empresariais ou até mesmo familiar o tema liderança chama atenção de todos, principalmente dos entusiasmados, diversos trabalhos produzidos por autores e profissionais a frente de equipes buscam compreender o real significado, suas características e as deficiências encontradas por muitos que, ao distorcerem seu real significado definem de forma errada e acabam atribuindo seu real significado a definições contrarias sem ao menos entender as diferenças existentes entre uma chefia e uma liderança.
Por outro lado estudos e trabalhos são desenvolvidos encontrando definições que trazem a luz o tema relacionado à chefia, as vezes por entendimento pessoal, as vezes por confronto de necessidades, esses dois pontos de vista aparentemente excludentes tem levado a discussões acaloradas, enquanto uns defendem o modelo de chefia, outros os de liderança baseado em suas próprias visões e convicções.



Por que esse tema chama tanto a atenção da sociedade e é objeto de discussão entre diversos especialistas, estudantes, profissionais, pais de família, professores, enfim, uma gama de pessoas discutem a todo tempo sua importância como sendo um fator essencial para o sucesso e necessário sua aplicação e entendimento.
Cada ser é dotado de entendimento próprio e sendo assim cada um tem uma visão muito particular a seu respeito, talvez por isso e pela importância do tema é que nunca se chega a sua perfeita compreensão, mas é possível encontrar um consenso percebendo que alguns valores são destaque nesta questão.
Para colaborar este texto busca explorar algumas visões ainda que passível de discussão, pois não considero nenhum modelo ideal em contra partida a outro, o que pude observar é que há uma má aplicação do modelo que melhor se adapta as necessidades imediatas.
Bastaria considerar que a liderança é o melhor modelo a ser implementado em qualquer ambiente, mas estaria confrontando com modelos onde à chefia é aplicada com sucesso ou ao menos os resultados dão a prova disso.
Ao estudar sobre o tema encontrei diversas obras sobre liderança e estas fazem referências a grandes nomes da história da humanidade com exemplos de humanidade incontestáveis que produziram verdadeiras revoluções em suas épocas, sendo seus ensinamentos aplicados ao pé da letra nos dias atuais. Trariam bons resultados?
Talvez sim, talvez não, depende do ambiente onde supostamente seria aplicado o modelo, ainda mais deveria considerar as pessoas que lá estão, seus valores, e como reagiriam as mudanças, o fato de considerar este ou aquele como o melhor modelo por si só é contrario a natureza humana, pois ela se conforma facilmente ao ambiente caso haja necessidade de renovação.
Mesmo indo nesta linha de pensamento, procurei entender as diferenças existentes entre os dois modelos e para facilitar minha pesquisa considerei o ambiente empresarial e as relações entre os chamados chefes e líderes no ambiente de trabalho.
E para me apoiar busquei no dicionário Aurélio as seguintes definições:
Líder: “Um chefe, um guia, aquele que representa um grupo”.
Chefe: “Pessoa que comanda que dirige; o cabeça; o alto escudo; tratamento irônico que geralmente é dado a um desconhecido”.
Duas definições que apesar de bem parecidas traz a primeira referindo-se a um chefe, mas dá o sentido de orientador, de guia a ser seguido, enquanto a segunda o sentido de autoritarismo.
Nas organizações empresariais o Chefe é aquele conhecido por dar ordens diretas e incontestáveis aos demais executarem tarefas através da sua imposição, obrigando-os demais a cumprirem sem considerar que muitas vezes aspectos relativos às condições humanas estão envolvidos e podem em certos momentos ser feito de maneira diferente ou menos imediata e quase sempre de forma inflexível. Muitos defendem a necessidade dessa postura em dados momentos, mas no caso dos chefes esta é sempre a mesma postura observada.
Enquanto o Líder é conhecido como aquele que orienta as pessoas a fazerem de bom grado aquilo que é proposto, geralmente pedindo e não impondo além estar aberto a considerar contestações para sua análise.  Sua postura é mais voltada a participação de todos segundo autores pesquisados.
Num primeiro momento observamos essa segunda definição mais voltada à ideia de motivação, respeito, conquista, atenção e a construção de um ambiente harmônico em prol dos objetivos coletivos.
Sendo essas definições tão diferentes faço um paralelo com experiências das quais vivenciamos com pessoas com um desses dois tipos de comportamentos?  E imagino qual dos dois de fato acrescentou algo de inesquecível ou de traumático em sua vida.
Assumir a responsabilidade pela condução de uma equipe, além de considerar que tão importante quanto atingir objetivos da empresa é fazer com que os que estão sob sua coordenação o ajudem é de fato uma qualidade encontrada naqueles cuja disposição para enfrentar os desafios esteja bem clara, os problemas aparecerão e exigirão dele muita desenvoltura e aprimoramento.
Uma vez tendo a equipe sob sua responsabilidade esta projeta em você a imagem ideal a ser seguida, as direções vindas daquele em quem confiam e julgam ser a figura mais preparada para tal finalidade tem muito peso, as expectativas são enormes e qualquer falha será acompanhada de muita cobrança, os colaboradores esperam atitudes comportamentais positivas e atenção voltada para os membros da equipe.
Se a postura for aquela de dar ordens e exigir que os colaboradores apenas trabalhem sem poderem manifestar suas opiniões referentes ao âmbito profissional, este também tem cobranças, mas está sob a proteção superior hierárquica e tem a liberdade para agir a sua maneira, com isso sua postura não exige que seja um exemplo a ser seguido, basta que façam o que é imposto e pronto, o ambiente conduzido por eles costuma ser de descontentamento, desunião e afastamento, os colaboradores com conhecimento e potencial para manifestar opiniões positivas transforman-se em colaboradores passivos sem interesse pelo trabalho nem pelo sucesso da organização.
Pessoas em particular têm uma ou outra postura profissional e como as empresas são movidas por pessoas em muitas organizações chefes autoritários se chocam com líderes que defendem outra forma de comportamento, sendo motivo de desentendimentos entre as partes, os colaboradores buscam atuar em um ambiente mais participativo mais propenso a condução de um líder, enquanto chefes buscam exatamente o contrario, um ambiente sem a participação nenhuma destes.
Considere a situação onde se torna líder em uma empresa com a cultura voltada para a hierarquia rígida ou se torna chefe numa organização com a cultura voltada para a liderança participativa, pois é o que acontece na prática em muitas organizações daí o porquê dos desentendimentos entre essas partes.
Se não houver um alinhamento entre as partes torna-se desgastante para qualquer um tomar sobre si tais responsabilidades e os problemas ao invés de melhorarem acabam por surgir ou ressurgir com mais intensidade.
Muitos autores apontam algumas diferenças marcantes entre um líder e um chefe.
Sérgio D. Neviola do portal rh.com. br. defende que: “O chefe existe naquelas organizações que não precisam - ou não querem ser eficientes, normalmente no setor público ou empresas familiares, onde os privilégios pessoais são mais importantes que projetos de longo prazo”, continua. “Líderes estão preocupados com o futuro e não com o presente, ou melhor, preocupam-se em cumprir o necessário no presente para garanti-lo e, além disso, preparar a organização para os desafios vindouros”.
Sentimento de posse talvez possa traduzir esta explanação a respeito dos chefes, uma vez que adquirem esse sentimento egoísta só enxergam sua posição de “status” dentro da organização considerando os demais como inferiores na escala de seus próprios valores.
Já os lideres apontam com um sentimento mais coletivista entendendo que a organização só é capaz de atingir o sucesso se cada um doar um pouco do seu melhor.
João Mariz da Costa do Portal Gestão explana “Um líder será alguém que o é, na medida em que é aceita, a chefia, por sua vez, não é mais que um atributo hierárquico de aceitação obrigatória”.
Toda organização deveria se preocupar com esta questão e não tentar impor a qualquer custo sua maneira de trabalho aos colaboradores, algumas justificam a necessidade de ter em seu quadro chefes autoritários que imponham regras rígidas senão ninguém obedece, enquanto outras dão valor à presença de líderes flexíveis mais voltados à motivação e multiplicadores de conhecimento, não há nada de errado com isso, só que alguém com características de um líder encontra dificuldades em se conformar num cargo de chefe, enquanto o oposto também é verdadeiro.
Os impasses nessa questão têm levado muitos interessados a abordarem este tema, trabalhos muito bem produzidos apontam os problemas que geralmente ocorrem, por exemplo, os desentendimentos ocorrem quando uma organização cuja atividade principal versa sobre atendimento ao público, uma loja de varejo, por exemplo, necessariamente precisa de uma cultura organizacional voltada á características de liderança, enquanto em uma organização cujas atividades estão voltadas meramente à produção, a cultura pode até estar voltada a uma hierarquia rígida.
Não que esta seja uma regra básica, mas é o que se encontra em ambientes diversos onde prevalecem as duas características citadas.
O grande impasse esta em mesclar os dois tipos e isso se encontra com certa freqüência, tratam os colaboradores de uma forma rígida esperando deles um comportamento participativo enquanto esperam que os chefes imponham regras incontestáveis e se comportem como líderes motivadores.
Nessas organizações a própria cultura impede que seja desenvolvido um trabalho sinérgico entre colaboradores e diretrizes.
Seja como for e que tipo de organização se empreenda um trabalho, o importante é que se tenha claro que tipo de ambiente profissional se deseja construir, se as atividades diárias e o relacionamento com o público em geral afetam de forma positiva ou negativa os resultados finais.
Conhecer com clareza qual o tipo de negócio e em que área atua, pois nem toda organização necessariamente tem de se preocupar em formar líderes, assim como nem toda organização necessariamente deve se preocupar em promover chefes.
O ambiente profissional oferece oportunidades e desafios dos mais variados e no tocante a esse tema o entendimento dessas questões fornece uma boa base para o emprego da melhor postura comportamental daquele que terá a responsabilidade pela condução de uma equipe. Invariavelmente essas responsabilidades assumidas serão bem administradas no que depender do bom relacionamento que tiver com os agentes colaboradores.
Nos dias atuais pensar que somente a organização é detentora das oportunidades já não esta conforme com a realidade, os colaboradores também exercem o poder de influenciar em muitos aspectos relacionados a toda a cadeia produtiva.
Criar um ambiente harmônico levando em consideração a importância que todos exercem, pode ser o início do sucesso de uma organização que atenta a essas questões mudam sua maneira de enxergar seus colaboradores e passam a tomar certa cautela na hora de nomear seus líderes ou chefes.
O lado negativo disso se é conhecido por muitos, descontentamento entre membros da equipe e chefias, uma queda de braço sem efeitos positivos para ambos os lados até que o colaborador “decida” se auto demitir.
Dados do instituto Gallup apontam que o colaborador que se demite faz não por conta das organizações, pois o trabalho é necessário para a sobrevivência, o que ocorre é que se demitem de seus atuais chefes, cerca de 66% dos colaboradores esse é o percentual que não os suportam.
E aí atuais ou futuros lideres ou chefes vamos mudar essa estatística?
Texto de autoria:
Francisco Marcio Ferreira de Oliveira
Formado pela Universidade Nove Julho-2010

4/01/2011

A importância da logística: um estudo de caso de um escritório de advocacia

Nos últimos anos tem-se observado que a logística vem ocupando cada vez mais um papel de destaque estratégico dentro das empresas. Sem ela, as empresas enfrentam dificuldades de sobrevivência num mercado cada dia mais competitivo e acirrado, com consumidores aumentando suas necessidades e exigência por melhores produtos e serviços e com uma velocidade de atendimento cada vez maior. Observa-se também que a logística passou a ser preocupação não só de empresas industriais, mas também, comerciais e de serviços, como é o caso dos escritórios de advocacia, que sem dúvida alguma não poderiam deixar de utilizar essa ferramenta de trabalho como um diferencial na prestação de serviço. Neste contexto, esta pesquisa buscou identificar a importância da logística neste setor, e através de um estudo de caso, num escritório de advocacia estabelecido em Palmital – SP, pôde-se analisar o processo logístico do mesmo e concluir que os princípios logísticos podem ser aplicados a este com o propósito de melhorar o fluxo de informações e aprimorar os processos internos, permitindo maior confiança e qualidade aos serviços prestados a seus clientes.

Artigo de autoria de:
Rafael Molero Magrinelli
          Faculdade Estácio de Sá de Ourinhos-SP
Administração Geral de Empresas
Ourinhos / SP - Brasil
2005 - 2010




1. INTRODUÇÃO

A logística atualmente é fator preponderante de contribuição para o sucesso ou insucesso das empresas, ou seja, constitui uma grande riqueza que as empresas podem obter e administrar. A logística pode ser compreendida como a junção de quatro atividades básicas: aquisição, movimentação, armazenagem e distribuição de produtos ou serviços.
Existem diversos tipos de organização, sejam privadas ou públicas, que se utilizam dos serviços logísticos, como empresas manufatureiras, empresas de transporte, empresas alimentícias, Forças Armadas, serviços postais, distribuição de petróleo, transporte público e muitas outras. E, a logística, pode ser considerada a chave de sucesso de muitos negócios por muitas razões, entre as quais se inclui o alto custo de operação das cadeias de abastecimento.
Para que essas atividades funcionem, é imperativo que as atividades de planejamento logístico, quer sejam de materiais ou de processos, estejam intimamente relacionadas com as funções de produção e marketing.
Uma empresa sem uma logística bem definida e aplicada acaba por administrar vários momentos em que nenhum valor agregado está sendo adicionado a seus produtos ou serviços. É por isso que as organizações estão cada vez mais melhorando e inovando suas tecnologias e seus processos logísticos, para que se alcance sucesso na distribuição de seus produtos ou até mesmo na produção de informações que sejam importantes no dia-dia como é o caso do segmento de serviços, incluindo aqui os escritórios de advocacia.
Neste contexto, este trabalho busca abordar a importância da logística no processo administrativo das empresas prestadores de serviços, e, para tanto, observar e descrever o fluxo logístico de um escritório de advocacia localizado no município de Palmital (SP).
O trabalho se desenvolveu em quatro capítulos, sendo este primeiro onde é apresentada a contextualização do tema e a problemática de pesquisa. O segundo capítulo que trata de uma abordagem ao conceito de logística, retratando todos os fatores importantes a serem observados para a gestão dos processos, a cadeia de abastecimento e a gestão de informações. No capítulo três é realizado o estudo de caso no escritório de advocacia, com a apresentação do caso e discussão dos processos logísticos adotados pela empresa. E, concluindo o trabalho, o quarto capítulo trás as considerações finais.

2. A LOGÍSTICA

2.1 O que é logística

Muito se fala a respeito da logística como sendo, atualmente, a responsável pelo sucesso ou insucesso das organizações. Porém, o que se pode perceber no mercado é que muito pouco se sabe sobre as atividades logísticas e como as mesmas devem ser definidas nas organizações. É importante então evitar que situações de modismo acabem por influenciar o uso errado da palavra e, o que seria muito pior, de suas técnicas e atividades. Mas, afinal, o que é realmente a logística?
Logística pode ser compreendida como sendo a junção de quatro atividades básicas: as de aquisição, movimentação, armazenagem e entrega de produtos.
Para que essas atividades funcionem, é imperativo que as atividades de planejamento logístico, quer sejam de materiais ou de processos, estejam intimamente relacionadas com as funções de produção e marketing.
Segundo Severo (2004):
Atualmente, o papel da logística no negócio aumentou tanto em escopo quanto em importância estratégica. A integração dos fluxos de materiais, produção e distribuição revolucionam não somente a forma de gerenciar as atividades logísticas das empresas, como também de gerenciar a organização como um todo.
O termo Logístico, de acordo com o Dicionário Aurélio, vem do francês logistique e tem como uma de suas definições "a. parte da arte da guerra que trata do planejamento e da realização de: projeto e desenvolvimento, obtenção, armazenamento, transporte, distribuição, reparação, manutenção e evacuação de material para fins operativos ou administrativos". E, ainda segundo Ferreira (1986, p 1.045), deve representar "a satisfação do cliente ao menor custo total".
Segundo Council of Supply Chain Management Professionals sobre logística:
Logística é a parte do Gerenciamento da Cadeia de Abastecimento que planeja, implementa e controla o fluxo e armazenamento eficiente e econômico de matérias-primas,materiais semi acabados e produtos acabados, bem como as informações a eles relativas, desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com o propósito de atender às exigências dos clientes (CARVALHO, 2002, p. 31).
Existem diversos tipos de organização, sejam privadas ou públicas, que se utilizam dos serviços logísticos, como empresas manufatureiras, empresas de transporte, empresas alimentícias, Forças Armadas, serviços postais, distribuição de petróleo, transporte público e muitas outras.
horizontalização, atividade em que muitos produtos até então produzidos por determinada empresa do fim da cadeia de fornecimento passam a ser produzidos por outras empresas, ampliando o número de fontes de suprimento e dificultando a administração desse exército de fornecedores.
Segundo Lambert (apud SUCUPIRA et al., 2003), "as atividades logísticas precisam estar integradas em suas diversas fases, iniciando-se no momento da aquisição, passando pela movimentação e finalizando no seu armazenamento".
Alguém pode estar perguntando: se os custos são tão altos, por que então horizontalizar e criar demanda para atividades logísticas? A resposta para esta indagação se resume num único conceito: Mercado Globalizado.
À medida que as empresas investem em parceiros comerciais, aumentam os gastos com o planejamento de toda a cadeia. Mas, analisando essa situação de forma holística, percebe-se que há uma redução de custos. Mais importante do que tal redução, a atividade logística passa a agregar valor, melhorando os níveis de satisfação dos usuários.
Entretanto, a mudança na atividade logística se não for acompanhada por todas as organizações, levará à falência daquelas que não se enquadrarem. Mas ainda pode ficar uma questão a ser resolvida: como se dá a redução nos custos?
Tal redução, acompanhada de um estudo logístico, é explicada pela especialização das empresas fornecedoras, haja vista que as mesmas acabam por investir em tecnologia de ponta para os desenvolvimentos dos materiais, até então produzidos pela empresa que está no fim da cadeia, e que agora passarão a ser produzidos pela mais nova empresa horizontalizada. A partir desse momento, a tendência é que exista uma redução de custos, proporcionada pelo ganho de escala na produção e pelo desenvolvimento tecnológico, focado agora em uma determinada linha de produto.
Como se pode perceber, a atividade logística está inserida em diversos pontos da organização e sua correta aplicação se faz necessária para o bom andamento das atividades.

2.2 Dimensões Logísticas

Pode-se caracterizar a logística por um processo que envolve três dimensões dentro da organização: Suprimentos, Produção e Distribuição.
Na dimensão de suprimentos, estão incluídas as atividades necessárias para a pesquisa e o desenvolvimento conjunto de produtos e para garantia da disponibilidade de alta qualidade de matérias-primas, componentes e embalagens, no momento e nas quantidades necessárias para atender aos requisitos do processo de fabricação, de forma que resulte no menor custo total da cadeia de logística.
Segundo Ching (1999, pg 90), "na logística de suprimentos são alinhados planos estratégicos de fornecedores e empresas que direcionam recursos para reduzir custos e desenvolver novos produtos".
Para reduzir os tempos de fornecimento de matérias, receber produtos de melhor qualidade, reduzir os estoques tanto na empresa quanto no fornecedor, ter produtos disponíveis sempre que necessários, planejar de forma precisa a produção, é vital integrar os processos da empresa com os fornecedores e estabelecer relações estreitas e duradouras.
Segundo Martins e Alt (2003, pag 258), o tempo decorrido entre a manifestação do desejo de compra e a entrega efetiva de um pedido é um dos condicionantes principais da eficácia da cadeia logística.
As compras assumem papel estratégico na empresa, e a categorização e o gerenciamento dos fornecedores são implementados pela corporação. E, o processo e pedidos de compras tornam-se simplificados e integrados com o processo de abastecimento a fim de melhorar a produtividade.
No entanto, segundo Ching (1999) para muitas organizações, existe pouco interesse nas atividades de logística de suprimento. As razões vão desde o desconhecimento quanto a participação do suprimento no custo total da empresa, o pouco controle sobre a movimentação física no fornecimento e até a crença de que o poder de negociação pende mais para o lado do vendedor (no caso, o fornecedor).
Os custos não agregados ao custo da matéria-prima pela adição de valor, isto é, pela transformação física do material, devem ser controlados pela logística, evitando paradas no fluxo interno e externo, transportes desnecessários e controles da qualidade de recebimento que devem ser atribuição do fornecedor precedente na cadeia. (MARTIN e ALT, 2003, pag. 259).
Ainda segundo Ching (1999, pg 93) "essas organizações crêem que os problemas logísticos de movimentação de suprimentos são mais simples ou de menor importância que os problemas da distribuição física para os clientes".
Enquanto a área de compras é responsável por selecionar algumas empresas entre um número limitado de fontes de fornecimento, a distribuição entrega produtos para vários clientes espalhados por muitos ponto diferentes. Alem disso os volumes movimentados no canal de suprimentos tendem a ser bem menores do eu no canal de distribuição.
Assevera Ching (1999) que a visão que essas organizações têm de suprimentos tem forte viés. Não se deve subestimar a importância estratégica de suprimentos. Embora seja o primeiro passo na cadeia de logística, ele é a maior distância até o consumidor, a mais fechada pelas variações do mercado e o mais difícil de sincronizar com a demanda dos consumidores.
Na dimensão de produção, a logística não envolve nenhuma relação externa diretamente. É uma parte totalmente desenvolvida pela empresa que envolve todas as áreas na conversão de materiais e produto acabado, sendo importante o sincronismo entre a produção e a demanda dos clientes.
Nesta etapa a estratégia de produção é baseada na demanda, ou seja, nas necessidades do cliente. A demanda é colida continuamente no menor tempo possível de saída do produto no ponto de venda, compilada na empresa e informada à produção.
Rápidas respostas às condições um mercado em constante mudança implicam processos de produção flexíveis, com capacidade troca rápida para customização em massa, e confiáveis, com altos níveis de qualidade.
São planejados tamanhos mínimos e variados de lotes de produção (antes, eram grandes e impostos pela empresa) para poder mudar para um ambiente de produção sobre encomenda. As prioridades de produção passam a ser direcionadas pelas datas exigidas de entrega pelos clientes.
Na dimensão de distribuição, a logística envolve as relações entre as empresas e seus clientes consumidores.
Esta é a etapa responsável pela distribuição física do produto acabado até os pontos de venda ao consumidor e deve assegurar que os pedidos sejam pontualmente entregues, precisos e completos.
Segundo Ching (1999, pg. 90) "na logística de distribuição, são formadas alianças com parceiros dos canais a fim de atender as necessidades dos clientes e minimizar os custos de distribuição".
A reposição dos produtos já não se faz com base em um pedido e sim na necessidade real. A um sincronismo entre demanda, fabricação, distribuição e transporte, em que os estoques são gerenciados globalmente e sua disponibilidade é checada online e em tempo real.
O atendimento ao cliente deve ser maximizado pela empresa. Fornece um ponto concentrado de contrato para a gestão do contrato dos produtos e serviços, além de proporcionar uma fonte única de informações a cliente.

2.3 A logística e a competitividade


Competir é preciso e, portanto, uma realidade que não se pode mais ignorar. Assim, todas as organizações buscam diferenciar-se de seus concorrentes para conquistar e manter clientes. Só que isto está se tornando cada vez mais difícil. O aumento da arena competitiva, representado pelas possibilidades de consumo e produção globalizadas, a necessidade de que se façam lançamentos mais frequentes de novos produtos, os quais, em geral, terão ciclos de vida curtos, e a mudança no perfil dos clientes, cada vez mais bem informados e exigentes, forçam as empresas e serem criativas, ágeis e flexíveis, mas também a aumentar a sua qualidade e confiabilidade. Sem dúvida, tarefas que estão desafiando os executivos em todo o mundo e exigindo maiores esforços.
De acordo com Bertaglia (2009, pag. 20) "o consumidor tem se tornado cada vez mais exigente, obrigando as organizações a preocupar-se principalmente com preço, qualidade e nível de serviço".
Pesquisas recentes mostram que os produtos, de modo geral, estão se tornando cada vez mais parecidos na percepção dos clientes.
Neste momento, pode ser delineada a aplicação da logística para a obtenção de vantagem competitiva. As metas da logística são as de disponibilizar o produto certo, na quantidade certa, no local certo, no momento certo, nas condições adequadas para o cliente certo ao preço justo. Assim, fica evidente a intenção de se atingir, simultaneamente, a eficiência e a eficácia nesse processo.
A redução de custos se dará pela suavização e correta execução do fluxo de materiais que passará a ser feito de forma sincronizada com o fluxo de informações, possibilitando redução dos inventários, maior utilização dos ativos envolvidos, eliminação dos desperdícios, otimização dos sistemas de transporte e armazenagem. Ou seja, haverá o emprego racional e a otimização de todos os fatores utilizados. O que significa dizer que serão trocadas incertezas por informações que permitirão, através de um processo bem coordenado, minimizar os recursos necessários para a realização das atividades, sem perda de qualidade no atendimento ao cliente final.
Segundo Bertaglia (2009, pag. 22). "o objetivo, nessa luta pela sobrevivência no mercado, é efetuar movimentos que possam neutralizar os investimentos efetuados pelos concorrentes, a fim de conquistar o cliente, satisfazendo suas necessidades".
A agregação de valor poderá surgir da oferta de entregas mais confiáveis e frequentes, em menores quantidades, da oferta de maior variedade de produtos, melhores serviços de pós-venda, maiores facilidades de se fazer negócio e sua singularização na organização. Todas essas facilidades poderão ser transformadas em um diferencial aos olhos do cliente, que pode estar disposto a pagar um valor mais alto por melhores serviços, que representem benefícios. Por exemplo, entregas mais rápidas, em menores quantidades e confiáveis, que permitem que o cliente trabalhe com estoques menores, possibilitando diminuir os seus investimentos.
Além do processo de adquirir ou associar-se a uma outra empresa, a competição exige das empresas muito mais criatividade em todos os aspectos organizacionais, partindo do desenvolvimento de marcas e produtos, redução de custos na cadeia de abastecimento, velocidade de distribuição, percepção produto pelo consumidor, inclusive obtendo as informações necessárias para poder reagir rapidamente quando o fluxo assim o existir.
Segundo Martins e Alta (2003, pag 279), o "objetivo é levar o produto no tempo mais curto e com o custo mínimo a consumidores espalhados por todo o globo".
O transporte deve ser reduzido ao máximo, com isso o desenvolvimento dos produtos pode estar mais perto das sedes das empresas, desde que o produto deva ter características regionais.
Tabela 1. Alternativas para Competir:

  • Empresa
  • Concorrentes
  • Vende com preço baixo
  • Vende com alto desempenho
  • Vende com prazos mais longos
  • Vende com prazos mais longos e entrega na casa do cliente
  • Vende um módulo de sistema
  • Vende todo o sistema pelo mesmo preço
  • Promete serviço de suporte
  • Promete qualidade sem necessidade do suporte
  • Vende por meio de distribuidores
  • Utiliza o canal direto
  • Tem canal direto de vendas ou loja
  • Utiliza a internet como canal de vendas
Fonte: Adaptado de Bertaglia (2009, pag. 22)

Pela necessidade de valorizar os investimentos dos acionistas, as empresas têm necessidade de redefinir suas estratégias para alcançar um crescimento com lucro e vantagens competitiva.
Segundo Bertaglia (2009, pag. 24)
A inovação pode ser definida como a criação e a introdução de mudanças oferecendo uma solução que agregue valor aos clientes e consumidores. Essa solução pode ser produto inovador ou um serviço diferenciado, entendido pelo cliente como algo que adiciona valor e pelo qual ele está disposto a pagar.
Empresas que tem concorrido com sucesso em um mercado global cada vez mais difícil demonstram claramente o seu senso inovador. Mas o que determina a inovação? O que diferencia essas empresas?
Segunda Bertaglia (2009), deve-se considerar os seguintes aspectos:
Visão e conhecimento de mercado, aliado ao entendimento claro das necessidades do mercado, do cliente e do consumidor, considerando características globais e locais em uma economia com requintes globalizados;Objetivos e estratégias claros quanto ao lançamento de novos produtos ou soluções, avaliando-se inclusive a capacidade de atender ao mercado em caso de alta demanda;Processo consistente no desenvolvimento da solução, estendendo até o processo de execução da estratégia;Cultura organizacional voltada para a inovação. A inovação não se deve ser característica específica do setor de novos produtos;Definição clara do nicho de mercado em que a organização irá atuar e as competências que ela possui, uma vez que as qualificações corretas serão determinantes para se alcançar o sucesso ou fracasso;A organização deve ser extremamente flexível e adaptar-se às oscilações impostas pelo mercado de acordo com a concorrência e as exigências do consumidor;Sistemas bem definidos de prêmios e incentivos aos funcionários, uma vez que a empresa global considera o funcionário também global, abrindo-lhe as portas para o mercado de trabalho.
Portanto, compreende-se que para ser saudável nesse mercado altamente concorrido e em constante mudança, a empresa necessita inovar ou deixará de existir.

2.4 Cadeia de Abastecimento

Muitas empresas descobriram que a cadeia de abastecimento pode trazer-lhes a vantagem competitiva tão almejada. Nos Estados Unidos, a Procter&Gamble reduziu o custo de seus produtos por iniciativas na cadeia de abastecimento, o que lhe permitiu ganhos de participação de mercado.
A gestão da cadeia de abastecimento, em qualquer organização, deve considerar a integração financeira, o serviço ao cliente e os processos internos da empresa. Sem dúvida alguma, é possível afirmar que se está começando um novo ciclo de gestão, a era da otimização da cadeia de abastecimento aliada à gestão do relacionamento com o cliente, e as empresas que não atentarem para essas iniciativas poderão apresentar sérias dificuldades para sobreviver no mercado.
Pela visão de Bertaglia (2009, pag.11) "a organização do processo é fundamental para levar um produto competitivo ao consumidor", e assim, uma boa administração da cadeia de abastecimento pode representar, para a organização, uma vantagem competitiva em termos de serviço, redução de custo e velocidade de resposta às necessidades do mercado.
Os canais de distribuição e os fornecedores devem ser controlados e medidas de desempenho devem ser implementadas para o sucesso do processo todo, assim como as medidas voltadas para as operações de manufatura.
No entanto, essas medidas não podem ser realizadas de forma isolada, mas integrada com os procedimentos financeiros, a gestão de clientes e os processos internos da organização.
Segundo Bertaglia (2009, pag. 11) "o objetivo clássico da cadeia de abastecimento é possibilitar que os produtos certos, na quantidade certa, estejam nos pontos-de-venda no momento certo, considerando o menor custo possível".
O gerenciamento da cadeia de suprimentos, ou supply chain management, nada mais é do que administrar o sistema de logística integrada da empresa, ou seja, o uso de tecnologias avançadas, entre elas gerenciamento de informações e pesquisa, para planejar e controlar uma complexa rede de fatores visando produzir e distribuir produtos e serviços para satisfazer o cliente. (MARTINS e ALT, 2003, pag. 286-287).
Analisando a cadeia acima (Ilustração 1), pode-se dividi-la em 4 grandes grupos, sendo o primeiro, o grupo dos fornecedores; o segundo, o grupo de empresas manufatureiras, que transformam as diversas matérias-primas em produtos acabados; o terceiro grande grupo são os centros de distribuição, responsáveis em receber, acondicionar e entregar os produtos ao quarto grande grupo, que são os:
Fornecedores: de quem se adquirem materiais e componentes. Aqui se pode perceber a importância da atividade logística no desenvolvimento dos fornecedores, uma atividade de fundamental importância, a exemplo do que estão fazendo as montadoras de automóveis, colocando os seus principais fornecedores dentro do seu parque fabril.Manufatureiras: onde se vai produzir, ou seja, onde se vai instalar a fábrica; quanto e quando produzir determinado produto. Aqui fica clara a atividade de planejamento de materiais, pois é a partir das decisões acima que poderá ser definida toda a política de estoques da organização em questão.Centros de distribuição: onde se devem armazenar produtos acabados? Onde se devem armazenar peças de reposição? Quanto se deve armazenar de peças e de produtos acabados? Aqui fica clara a preocupação com o nível de serviço a ser repassado ao consumidor. Muitos produtos em estoque, sejam peças de reposição ou produtos acabados, e diversos locais de armazenagem melhoram, sem sombra de dúvida, o nível de serviço para o consumidor, porém com uma conseqüente elevação dos custos, o que, em ultima análise, diminuirá as vendas devido ao incremento nos preços de venda.Consumidores: este quarto e último grande grupo dentro da cadeia de suprimentos é o ponto central onde desembocam todos os outros grupos. Entretanto, não se deve supor de antemão que a organização será perfeita e atenderá a todos os mercados com a mesma presteza.
Nesse sentido, a atividade logística estará preocupada em definir para que mercado será fornecido o produto e com que nível de serviço. É sempre bom lembrar também que a definição do nível de serviço implica um incremento de custos: quanto maior o nível, tanto mais caro (SEVERO, 2004).
A cadeia de abastecimento deve ser vista pelas organizações como um processo integrado que permite obter vantagens competitivas no fornecimento de serviços ou produtos para clientes e consumidores, independente do lugar onde eles estejam.

2.5 Alinhando a tecnologia da informação com as necessidades do negócio

As organizações tradicionais estão sofrendo uma transformação importante ao usar a tecnologia como base para alterar os seus padrões de comportamento. A empresa antiga era altamente departamentalizada, com predominância de inúmeras funções. Cada unidade funcional mantinha o seu próprio indicador de desempenho, esse indicador, muitas vezes, não possuía significado para a empresa ou não trazia benefícios para o processo como um todo (BERTAGLIA, 2009).
Entretanto, na era da informação, a organização deve ser muito mais flexível e apresentar estruturas organizacionais mutáveis. As áreas funcionais têm seus limites transpostos, e grupos trabalham em conjunto para identificar novas oportunidades de negócio.
Dessa forma, a tecnologia da informação começa a exercer um papel fundamental na organização, já que lhe oferece suporte para processos importantes como avaliação de oportunidades de mercado, gestão de produção e distribuição, serviço a cliente, operações de manufatura, entre outros.
Segundo Bertaglia (2009, pag. 474) "a tecnologia da informação ajuda a transformar radicalmente as características da empresa, seja na produção, distribuição ou no serviço ao cliente."
Grande parte das organizações não percebem a importância de usar a tecnologia da informação como elemento importante que da suporte na luta pela competitividade.
As organizações têm investido entre 1 e 10% dos seus orçamentos em tecnologia da informação. Nada mais lógico do que saber como e onde esse orçamento está sendo utilizado, ou, de outra maneira, como aplicar melhor esse orçamento (BERTAGLIA, 2009).
As mensagens que são compartilhadas por líderes organizacionais em qualquer segmento estão relacionadas ao melhor uso da tecnologia da informação para dar suporte às estratégias das empresas, estabelecendo uma conexão entre as ferramentas tecnológicas e os objetivos corporativos.
Assevera Bertaglia (2009, pag. 475) que "um dos grandes desafios que as organizações enfrentam é a capacidade de entender como a tecnologia da informação pode ser utilizada como suporte das necessidades de negócio".
O conceito introduzido por Michael Porter em 1985 sobre cadeia de valor ajuda a explicar quais atividades de negócio podem ser analisadas e transformadas com o uso da tecnologia da informação.
Tudo se inicia com um claro entendimento dos fundamentos do negócio e para onde caminham as empresas, o mercado, os clientes, os consumidores e a própria tecnologia. "A tecnologia da informação nem sempre é chamada a moldar as estratégias da organização, mas sim a executar e suportar algo que foi decidido (BERTAGLIA, 2009, pag. 476).
Ao contrario disso, a evolução demonstra que a tecnologia é um fator fundamental na definição de modelos de negócio e na elaboração de estratégia para se alcançar os objetivos organizacionais. Dessa forma, a área tecnológica deve ser vista como um elemento que desempenha um papel proativo, contribuindo sobremaneira com os requisitos da organização. Afinal, atributos de desempenho exigidos pela empresa são fatores que podem ser suportados pela tecnologia da informação, como velocidade, integração, qualidade e flexibilidade.

2.6 Integrando a empresa com tecnologia de informação

O ERP (Enterprise Resource Planning), planejamento de recursos empresariais, é uma evolução dos conceitos de MRP (Material Requirements Planning), planejamento de necessidades materiais, desenvolvido a mais de duas décadas, e que tem como objetivo principal a integração da organização por meio de seus processos e funções. Sua implementação não é simples e exige comprometimento de toda a empresa, a começar pela alta gerência. No entanto, as organizações que buscam a vantagem competitiva necessitam melhorar seus controles, ter maior acesso a informação confiáveis, padronizar processos e reduzir os tempos na tomada de decisão. O ERP é a ferramenta que propicia esses benefício, ainda que algumas complexidades sejam somadas ao processo. (BERTAGLIA, 2009)
O MRP é um sistema de informações baseado em computador, introduzido nos Estados Unidos nos anos 1970, que apresentou um novo mecanismo para calcular eficientemente que materiais ou componentes são necessários, quando são necessários e qual a quantidade mais econômica. Utilizando o plano mestre de produção combinado com a estrutura de produtos – Bill of Materials (BoM) – a serem produzidos, ele projeta as necessidades dos materiais requeridos pelo plano. Desta forma o "MRP é o ponto inicial para as empresas que querem automatizar o processo produtivo" (BERTAGLIA, 2009 pag. 481).
Nos anos 1980, o conceito do MRP se expandiu. Deixou de ser apenas um sistema de planejamento de materiais e transformou-se em um sistema mais amplo, passou a administrar planta e pessoas, e a planejar também a distribuição. Deixou de ser um processamento local, passou a usar o conceito das redes locais e começou a ser chamado de MRP II.
Ensina Bertaglia (2009), que dentro do novo conceito e das funções introduzidas, o MRP II ganhou efetiva importância como ferramenta. Os fatores adicionais eram:
Planejamento de longo prazo;Planejamento de recursos em nível superior;Plano mestre de produção;Planejamento de capacidade (no nível macro e detalhado);Controle do chão de fábrica.
Uma característica importante do MRP II é o fechamento dos processos, o que permite retroalimentar a cadeia de negócios, de modo que a organização melhore continuamente os seus processos em busca de maior eficiência.
A implementação de um sistema integrado é um passo importante para qualquer organização, principalmente para as que querem permanecer competitivas na era da informação.
"O objetivo principal de um sistema integrado ou ERP é fornecer controle e suporte para os processos operacionais de forma integrada" (BERTAGLIA, 2009, pag. 483)
A existência de um sistema integrado permite evolução mais inteligente no mundo dos negócios, que é a implementação de ferramentas inteligentes que efetuam as simulações de cenários, otimizando produção e distribuição.
Imagine o acesso ao estoque de um determinado produto que se encontra em vários centros de distribuição. O sistema integrado vai permitir a visibilidade desse estoque em linha, enquanto os sistema implantado isoladamente somente fornecem essa informação quando um processo de consolidação dos dados for executado. A aprovação de crédito de um determinado cliente acontece em linha e de forma integrada, sem a necessidade de exportação de dados para sistemas diversos. Com a integração, as informações dispersas pelo fluxo de processo passam a ter mais visibilidade.
O sistema ERP é integrado, e o acesso às diferentes informações é possível, sem a necessidade de reconciliação ou checagem de dados. Ele também elimina os eventuais conflitos existentes entre os vários departamentos e divisões. Os dados da organização são integrados em uma única base.
Associado a uma revisão de processos, o ERP pode tornar as atividades da empresa mais eficientes por meio da redução do tempo desnecessário, tarefas supérfluas e melhoria nos controles, existem empresas que conseguem reduzir o tempo de entrega dos produtos de meses para semanas; outras reduzem o estoque para níveis bastante satisfatórios, reduzindo o custo da cadeia logística e tronando-se mais competitivas (BERTAGLIA, 2009).

3. ESTUDO DE CASO

O Escritório de Advocacia com sede na cidade de Palmital – SP, foi fundado no início de 1981, atuando em diversas áreas do Direito, tendo como principal área de atuação, o Direito Civil, atendendo pessoas físicas e jurídicas. Alem da área Civil, o escritório também conta com o apoio de advogados capacitados nas áreas, Trabalhista, Criminal e Tributária.
A função de um escritório de advocacia, ou de um advogado é cuidar dos direitos e obrigações das pessoas, dando auxílio a seus clientes. O advogado exerce papel fundamental na formação da sociedade, bem quando cuida da preservação do direito à liberdade de expressão, liberdade na forma de construção das relações familiares e no modo de atuação do mercado econômico, e até mesmo na atuação do Estado.
Ressalta-se que embora tenha autorizado a execução da presente pesquisa, os responsáveis pelo Escritório de Advocacia não autorizaram a identificação nominal do mesmo, motivo pelo qual, em todo o texto se fará apenas a referência como Escritório de Advocacia.
Para a realização do estudo de caso foram realizadas observações "in loco", pesquisa de documentação e entrevista com o responsável pelo Escritório de Advocacia.

3.1 O processo operacional logístico

A logística operacional do escritório é feita por meio de um corpo jurídico que obtém informações junto aos Fóruns, desde a distribuição, ou seja, do início da relação processual até o fim do trâmite. A empresa disponibiliza um banco de dados virtual, com uma senha privada a cada cliente para que este acompanhe também as etapas e fases do processo.
Explica o responsável pelo Escritório de Advocacia que além do banco de dados, que contém informações sobre o processo, o escritório possui arquivos físicos, que contém pastas destinadas para cada cliente, com cópias das documentações fiéis do processo original.

3.2 Descrição do fluxo de informações

Segundo o responsável pelo Escritório de Advocacia, o início do processo de execução ou qualquer outra ação ocorre por meio de uma petição denominada "Inicial". Depois de ingressada a petição junto ao Fórum, inicia-se o trâmite processual. As decisões prolatadas pelos Juízes de Direito são disponibilizadas em um site, com o objetivo de informar os advogados do que deve ser feito. Os prazos, bem como as datas das audiências são anotados em agendas, para que não ocorra a perda dos mesmos.
Além desse site disponível para acesso das informações, os advogados recebem do mesmo, a mesma informação por meio de cartas, que é chamado de publicação, que são encaminhadas para o arquivo físico para serem arquivadas.
Destas decisões prolatadas pelos Juízes, ou seja, despachos, cabem a uma pessoa responsável do escritório, levá-las a conhecimento dos advogados, para que os mesmo tomem ciência das providencias necessárias a serem realizadas.
Assim, essas providências/respostas são encaminhas por escrito ao mesmo Juiz, por meio do que se denomina de petição, que adiante serão juntadas ao processo originário que se encontra no Fórum. Essas petições são encaminhadas com cópias que depois de protocolizadas retornam ao escritório em uma via, que será disponibilizada no sistema de dados virtuais, realizada esta etapa, esta copia é encaminhada ao arquivo físico.
Essas etapas são realizadas diariamente em todos os processos onde o escritório atua em favor dos interesses de seus clientes, e, dada as características o poder jurídico do país, normalmente ocorrem por um tempo muito longo, de vários anos, até que o processo seja julgado em instância final.
Finda a ação processual, as informações constante nos bancos de dados, virtual e físico, são deslocadas a outros arquivos, denominados arquivo de documentos gerenciados, onde guarnecem todos os dados e documentos dos clientes.

3.3 Proposta de melhoria do processo logístico

De acordo com o estudo, e pensamentos de autores, pode-se afirmar que a logística contribui significativamente para o sucesso das organizações, porém muito pouco se pesquisa e divulga a respeito das atividades logísticas voltadas para o segmento de prestação de serviços.
Neste contexto, uma série de medidas poderiam ser adotadas pelo escritório de advocacia estudado, no sentido de contribuir para melhorar o fluxo de informações e documentos, proporcionando menor custo operacional e ao mesmo tempo agilizando processos e tornando as informações mais confiáveis.
Desta forma, propõe-se:
Não arquivar as publicações nos arquivos físicos novamente, sendo que a mesma é digitalizada no banco de dados virtual, estando de fácil acesso no horário que quiser, e no local que quiser, através de uma senha, isso ocasiona perda de tempo e desgaste físico dos funcionários, gerando custos altos para o escritório.
Finda a ação processual, oferecer uma cópia do acordo celebrado para o cliente, devolvendo todos os outros documentos que lhe pertencem, e depois de um tempo, inutilizar o que restou, assim como é procedido nos Fóruns.
Trocar o agendamento manual de audiências e prazos, por sistemas de tecnologias inseridos em computadores, proporcionando segurança no dia-dia e facilidade no acesso de forma integrada.
Ter controle de entrada e saída das pastas dos arquivos físicos, para que ao ser solicitado, caso não esteja no arquivo saber com quem está. Isso economizaria tempo e aumentaria a confiabilidade do processo e gestão dos documentos.
Como o escritório possui filiais em outros estados, e a maioria das pastas dos clientes se concentram na matriz, há necessidade de envio de documentos importantes com frequência para os advogados. Esse envio é através de correspondências, o que gera custos para o escritório, poderia ser digitalizada boa parte dos documentos e arquivados nas pastas do banco de dados virtual, estando disponível a qualquer momento.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Existem diversas empresas que utilizam o processo logístico, como empresas manufatureiras, empresas de transporte, empresas alimentícias, Forças Armadas, serviços postais, distribuição de petróleo, transporte público e muitas outras, sendo que para estas empresas, a logística é de extrema importância para a manutenção das suas atividades, atuando num mercado cada vez mais exigente e competitivo.
Logística é considerada a chave do sucesso de muitas empresas, responsável por integrar processos, reduzir custos e atender com mais qualidade e rapidez as necessidades dos clientes. E, neste contexto, tem-se observado um crescimento do processo denominado horizontalização, que constitui a atividade de terceirização dos processos ampliando e constituindo a utilização das cadeias de abastecimento integradas.
Com a globalização as empresas estão tomando atitudes de investirem em parceiros comerciais a fim de agregar valor melhorando os níveis de satisfação dos usuários, além disso, estão investindo também em tecnologias para oferecer suportes importantes como avaliação de oportunidades de mercado, gestão de produção e distribuição, serviço a cliente, operações de manufatura, entre outros.
Muitas empresas buscam tecnologias como o ERP que tem como objetivo principal a integração da organização por meio de seus processos. O ERP tem a função de ter maior acesso a informações confiáveis, padronizar processos e reduzir tempo na tomada de decisão.
No estudo de caso do Escritório de Advocacia, observou-se que a logística é essencial para que se obtenha acesso as informações dos processos, com facilidade e eficiência, assim proporcionando um serviço de qualidade para seus clientes, apresentando inclusive um diferencial no seu seguimento, tornando a rotina de seus colaboradores menos árdua, eliminando o tempo gasto com trabalhos que não trarão resultados positivos.
Conclui-se que a logística é um processo que pode ser plenamente desenvolvido não só para empresas do segmento industrial e comercial, mas também para as prestadoras de serviços, assim como os escritórios de advocacia, que embora com algumas diferenças, podem utilizar o presente estudo como forma de adaptar suas rotinas e processos e forma a buscarem redução de custos, aumento da eficiência e satisfação de seus clientes.

5. REFERÊNCIAS

BERTAGLIA, Paulo Roberto, Logística e gerenciamento da cadeia de abastecimento. São Paulo: Saraiva, 2009.
CARVALHO, José Meixa Crespo de. Logística. Lisboa: Edições Silabo, 2002.
CHING, Hong Yuh. Gestão de estoques na cadeia de logística integrada. São Paulo: Atlas, 1999.
FERREIRA, Aurélio Buarque De Holanda. Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. 2ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.
MARTINS, Petrônio G.. ALT, Paulo R. C.. Administração de materiais e recursos patrimoniais. São Paulo: Saraiva, 2003.
SEVERO, João Filho. Capítulo I, disponível em http://www.portaldelogistica.adm.br/
SUCUPIRA, Cezar A. C. et al. Gestão da Cadeia de Suprimentos e o Papel da Tecnologia de Informação. Disponível em ,2003.